sábado, 29 de março de 2008

Matriz de Rotação


Tarde mziana Heinzkarlo deseja ao leitor! Mziana como em estar no Driss em Essaouira a comer bolinhos e chá, mziano de olhar para a Kasouba de Chaouen, ou o superlativo mziano bzereref de mini hamburguers de carneiro em pão discóbolo Magrebino, tudo ao aroma de sândalo por dignos Xerifes projectado em braseiras dispersas pelo campo!

Sim, hoje é um desses dias. Heinzkarlo dispôs-se com amigos numa circunferência de reunião pela madrugada, amplo e pequeno almoço engoliu e Calor em Lata ouve, numa partenogénese feliz de livres associações.

Neste auspicioso dia, é proposta a Hein a seguinte reflexão: alguma vez o leitor vibrou ao ouvir a música de Schoenberg? Se tal nunca acontece, não há problema: basta praticar! Ponha um disquinho do Antão (por exemplo as 5 peças para orquestra op.16) e faça de conta que está a ouvir AC-DC, abane o capuccino! Isto porque há música cuja audição deve ser praticada! Ao contrário do que a escola intuicionista de Pamela Margot e outros afirma, existe uma coisa que é saber ouvir!

Por exemplo, aos 3 minutos da acima referida obra psicadélica de Blues (qual? hehe) Heinzkarlo pasma-se perante a seca bateria, o que aumenta localmente no espaço-tempo as fronteiras conceptuais de Karlito! Repare: é bom aumentar o volume da nossa fruição artística. O que não quer dizer ouvir Toy (o Bach pimba). É uma arte, ouvir...

Quem acha que sabe ouvir e gosta de "primeiras impressões" deve ter cuidado para, com o tempo, não se transformar num ovinho ridículo de parolos paradigmas. Aprecie a segunda impressão, aprecie mesmo a sua impressão de ordem n! Vista um Zoot Suit, ponha um Schoenberg e abane as ancas, numa hierática atitude centro-africana!

E, se puder, vá comer um bolinho ao Driss. Um abraço aos amigos Khemadja.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Simeon Le Bon


Ontem, Heinzkarlo foi ao Bairro Alto ver o concerto dos Silver Apples. Mais precisamente: o sobrevivente, Simeon, e a sua parafernália de instrumentos electrónicos artesanais. Muitissimo bom...citando imprecisamente Brahma Dionysos (também presente no concerto): "De vez em quando é preciso vir cá um dos gajos velhos para vermos como é que se fazem as coisas". Simeon é um velho freak/hippy dos sixties, mas vê-se a inteligência, o trabalho...a vida. Uma vida dedicada a um estilo de música absolutamente poético e original. E o bom gosto. Belíssimos samplings. Grandes ritmos, melodias subtilmente atonais e minimais, a voz crua de Simeon...parecia a execução de um ritual de uma religião em desuso...por detrás de tudo, a felicidade em tocar, a simplicidade do gesto de quem é natural no que faz...algo de criança naquele velho feliz. Um grande à vontade...foi um bom momento. O homem mexia-se de uma maneira interessante, um corpo seco e compacto oscilando com as sinusóides num eixo horizontal. Inspirador...Heinzkarlo, e os seus músculos contraídos na procura da transcendência, agradeceram.

terça-feira, 4 de março de 2008

Buddy

Não sabia quando escrevi o texto anterior: Buddy Miles morreu a 26 de Fevereiro passado. O pai dele, George Miles Sr., tocou contrabaixo com Duke Ellington, Count Basie, Charlie Parker e Dexter Gordon. A alcunha "Buddy" vem do grande baterista de jazz Buddy Rich. O baterista Jack de Johnette conta que circa 1970, Miles Davis dizia-lhe: "toca como o Buddy Miles". Quando perguntaram a Buddy como queria ser lembrado, respondeu: "The baddest of the bad. People say I'm the baddest drummer. If that's true, thank you world". Era um mestre. Rest in Peace, brother.