sexta-feira, 20 de maio de 2011

Olhai os lírios do campo

Foi no fim de semana passado que Karlo se deslocou, na companhia de eleitos familiares, à bela região Jebala do Magrebe, e, ao aproximar-se da aldeia de Jajouka, cheirou os aromas do campo. Nada de Famel, Zundapp, por ali, burros e cavalos...e mulheres em trajes tradicionais a trabalhar os campos...e homens sentados em torno de mesas à beira da estrada bebendo chá e discutindo o mundo...e um brilho majestático nos ares, o Sol...e milhões de flores pelos campos, vermelhas, amarelas...e as neuropatias descansaram, os sangues fluiram, sentimos o prana, as dores foram-se embora...e eis que o Karlo sai do carro com duas malas, saltitante, e leva-as, sob a alçada do sorriso acolhedor do seu amigo Bachir, até à sombra do alpendre com tectos em padrões islâmicos geométricos por homem extinto desenhados nos anos 70...e assim compreendeu como a doença e a dor são produtos da mente, porque mais tarde, alvo de bateria de rhaita e tbila implacáveis, deixou-se alegre e discretamente possuir por Pan e, descalço, palhas na mão, repetiu os gestos da antiguidade perdida, descalço num chão de cimento, e hoje, ao escrever estas palavras, no conforto do lar, a irmã dor está de novo presente, tudo se perspectiva; e há que respirar, sorrir, rir às gargalhadas, mesmo, dançar, a energia que nos atravesse!