Há uns tempos, iamos eu, a Karima e o Mukhtar a passear de carro, entre Jajouka e Chefchaouen. O objectivo era comprar jelabas, que as há em Chaouen de boa qualidade, boa lã.
A estrada tinha (e tem) trechos bastante maus, chegando mesmo a não existir estrada de todo. Assim, andavamos bem devagar, o que era bom para ver as belas vistas.
Quando passamos perto de uma certa aldeia, o Mukhtar disse:
- Ali era a festa do santo Abdellah Baqal. Os musicos costumavam ir lá tocar.
Como me interesso pelas origens e tradições das músicas das confrarias místicas de Marrocos, nomeadamente a de Jajouka, perguntei logo:
- Ai é? Já não existe essa festa?
- Já não, a confraria de sidi Abdellah Baqal já não existe. Acabou hà uns 30 anos. Mas nós muitas vezes tocavamos com eles.
Nesse momento, visualizei músicos, vestidos com jelabas castanhas e turbantes brancos de pano, tocando rhaita, sentados num círculo. Seriam perto de 10. Tocavam uma música muito diferente da de Jajouka, feita de longas suspensões e belos ornamentos na mudança de notas. O temperamento destas músicas não tem nada a ver com o temperamento igual, produzindo belos intervalos. O intervalo de terceira menor descendente tocado por estes músicos, polvilhado de um trilo, era maior que o standard, belo, mágico.
Na verdade, não me lembro se o nome do santo era Abdellah, mas tenho a certeza que o apelido era Baqal (com qof). Hei de perguntar ao Bachir.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
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